quarta-feira, 15 de junho de 2011

Com a bênção de Santo Antônio, mas sem o pãozinho


Se existe uma coisa que me agrada na religiosidade dos brasileiros é essa mistura entre folclore e fé. Pra mim, é uma das expressões mais profundas dos sentimentos religiosos, acredito que essa dobradinha ajuda as pessoas a nortearem suas vidas de acordo com as mensagens positivas das crenças de uma maneira natural. Afinal, somos cheios de imperfeições e temos dificuldades para nos ligarmos às coisas essenciais. Com a proximidade da fé no nosso dia a dia, fica mais fácil nos concentrarmos, nos lembrarmos e até nos transformarmos em pessoas melhores.

Tudo isso para dizer o quanto fiquei emocionada na segunda-feira, dia 13 de junho, quando cheguei no Convento de Santo Antonio, no Largo da Carioca, para receber a tradicional bênção e pegar o pãozinho pelo dia do chamado Santo Casamenteiro.

Juro que não fui lá pedir um marido (já estourei a minha cota)! Fui agradecer o ano, pedir forças para minha jornada, saúde aos que eu amo, determinação para continuar levando, seriamente, as coisas a que me propus fazer e sabedoria para as mudanças estruturais que devem vir por aí. Era tanta gente que até desisti de pegar na saída o tradicional pãozinho, que se guarda em açucareiros.

Mas o convento é sempre uma emoção. Aquelas paredes barrocas, com mais de 400 anos de história, são testemunhas da infância do Rio de Janeiro, já abrigaram reuniões importantes do Imperador, deram espaço à uma faculdade de Filosofia, já acolheram homens de muita luz, como Frei Fabiano de Cristo, e confortou muitas pessoas pobres. E também foi palco de um episódio folclórico digno de um povo tão especial quanto o carioca/brasileiro/luso. Aqui no Rio, Santo Antonio, nascido em Lisboa e que já chegou no Brasil como um dos santos mais queridos, fez carreira militar!!!

Para expulsar de vez os franceses da cidade, em 1710 as autoridades tiraram a imagem de Santo Antônio do altar e o colocaram sobre o muro do convento. A proteção "dos céus" rendeu-lhe um soldo, como se faz a qualquer homem de farda, sendo que toda a renda era revertida em obras assistencias. Acreditando no poder do santo para nos defender, Dom João, em 1814, elevou-o a tenente-coronel, passando-lhe o bastão de comando da cidade. Muitos não sabem, mas a Carta do Dia do Fico (1821), lida por Dom Pedro I, foi redigida também dentro do convento.

Mas o poder maior do local e do santo é o poder da fé. Uma aglomeração sem igual está lá, em todo 13 de junho, para fazer seus pedidos àquela imagem linda de seu altar - essa mesma aí da foto - com o menino Jesus no colo. Todos querem sua bênção e agradecer frente à imagem delicada, que faz o contraponto ao santo-militar.

Na Umbanda, Santo Antônio é muito reverenciado, com músicas (pontos) que lembram sua ligação com os Exus:


Santo Antonio de Batalha

Faz de mim batalhador

Corre a gira, Pombagira

Tranca Rua e Marabô

3 comentários:

  1. Obrigada! Ainda mais você, amiga, que dividiu comigo as agruras de enfrentar a multidão para receber a bênção na segunda-feira!
    Bjs

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  2. Adorando e aprendendo sempre...meu santo preferido...faz de mim batalhadora....mas preto velho tb trabalha com ele na virada...bjs
    Pensa em mim....
    Ana
    E como é lindo esse altar!!!!!! REVERENCIO!!!

    FÉ!!!!!

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