terça-feira, 26 de abril de 2011

Carta 26: somos Livros, temos Livros...

Qual a primeira coisa que nos vem à cabeça quando falamos em livros? Sim, estudo. Por analogia, cursos, sabedoria, conhecimentos. Começamos bem, pois o objetivo aqui é desvendarmos o significado das 36 cartas do Baralho Cigano, também conhecido por Petit Lenormand. Vamos então aos significados da lâmina ilustrada pelo Livro.

Num primeiro momento, os Livros podem fazer referência a um assunto ligado ao lugar onde o consulente estuda ou trabalha. Ou à característica da pessoa, um pesquisador ou alguém que está se esforçando para passar numa prova importante, por exemplo.

Agora, as mensagens mais sutis que a carta 26 passa. Às vezes, trata-se de um conselho para que o consulente tenha sabedoria para lidar com uma situação, por mais complicada que esta seja. Para não perder a cabeça. Pode significar a sabedoria de outra pessoa? Sim, mas se pensamos em sabedoria como sinônimo de esperteza, aí eu diria que o mais comum é aparecer a carta da Raposa. Mas o jogo é esse: quanto mais o utilizamos, mais vamos criando nossos próprios códigos. Pra mim, uma pessoa sábia indicada pelos Livros me lembra os grandes mestres, como o personagem Professor Dumbledore, de Harry Potter: a mistura de conhecimento, experiência e uma essência elevada.

Ah, mas tem um significado também que há tempos não via aparecer nos meus jogos, mas ultimamente, vem que vem (já falei, né? Escolho as cartas para o blog pelo meu momento, e não pela ordem numérica). Trata-se do segredo. Como assim? Oras, ou é a referência a um segredo seu, seja de que natureza for, ou um pedido para que você seja discreto.

Ou ainda... sinal de que um segredo em breve será revelado. Detalhes de uma situação que está difícil de ser entendida - sabe quando tem uma pecinha que não se encaixa? Fique atento: se aparecer o Livro na mesa, pode ser que as cartas estão generosamente te mostrando que em breve será revelado um fato até então muito bem escondido - e que o Universo está prestes a jogar no éter.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

São Jorge, queridinho dos cariocas

Pessoas de todas as religiões e até aquelas que não professam nenhuma delas sabe que dia 23 de abril é dia de São Jorge, que já virou feriado no Rio de Janeiro. Mas por que esse santo é tão amado? Por causa do Candomblé? Por causa da Umbanda? Por causa das suas igrejas católicas, que promovem uma programação especial em seu dia? Isso e mais um pouco.

São Jorge faz parte do imaginário carioca, assim como outras figuras religiosas, que são uma questão de tradição e de identidade, transcendendo a fé - infelizmente, quem promove a cisão pela fé não se toca que isso estremece a identidade e a força de um povo.

Quem mais poderia representar esse povo que não fosse um guerreiro, altivamente montado em seu cavalo branco e submetendo um dragão com sua lança? É isso que os cariocas querem ser: aquele cavaleiro, cheio de honra e fé, que cada vez que se faz necessário, monta em seu lindo cavalo e vai combater o bom combate, e não desiste até que mais um dragão seja destruído.

A partir de sua alvorada, os cariocas se unem num único pensamento: "Salve, São Jorge, me ajude a vencer as batalhas do dia a dia". Porque nunca sabemos que tipo de surpresas teremos a cada nascer do Sol, e por mais que procuremos nos manter num caminho justo, "ganhamos" inimigos que nem conseguimos entender por que eles existem.

"Minha filha, quando rezar pelo seu Anjo da Guarda, peça distância dos seus inimigos. Mesmo que nunca tenha feitos inimigos, eles sempre existem", certa vez um Preto Velho me falou. E é isso mesmo. De onde a gente menos espera, surgem os tais dragões. O que nos resta? Nos apegarmos à nossa fé. E é justamente a fé, livre de preconceitos e tão alinhada ao cotidiano que me faz admirar tanto os cariocas. E aqui aprendi, aos 6 anos, que São Jorge é Ogum, vencedor de demanda.

Eu tenho sete espadas pra me defender
Eu tenho Ogum em minha companhia
Ogum é meu pai
Ogum é meu guia
Ogum é meu pai
Na fé de Deus e da Virgem Maria

Quer outro ponto cantado em terreiros de Umbanda?

Ogum, Ogum
Vem de Aruanda
Vem salvar filhos de fé
Pai Ogum venceu demanda

Ogum Ogum
Ogum meu pai
O Senhor mesmo é quem diz
Filho de pemba não cai

Descarrega esse filhos,
Descarrega esses filhos
Leva pras ondas do mar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Oração de Misericórdia

Senhor, na semana em que re
lembramos sua vitória sobre as trevas, eu te peço:

Misericórida, Senhor, por quem sofre e por quem faz sofrer
Misericórdia, Senhor, por cada vez que não entendemos suas palavras
Misericórdia, Senhor, pelos que não têm o coração puro mas insistem em subir ao seu altar
Misericórdia, Senhor, pelos que, por descuido ou vaidade, caem em armadilhas dos que não têm o coração puro
Misericórdia, Senhor, pelos que prezam a vingança e esquecem de zelar por suas almas
Misericórdia, Senhor, pelos que fazem o mal conscientes de que o Universo cobra cada centavo dado ou recebido, e mesmo assim não resistem
Misericórdia, Senhor, pelos que acham que as obras das trevas ficarão sempre encobertas
Misericórdia, Senhor, pelos que se esquecem que, após um período de noites escuras, ressurge a Lua Cheia para mostrar o que era oculto por ser feio
Misericórdia, Senhor, pelos que sempre tiveram a chance de conhecer a sua mensagem mas preferem manter as palavras na memória e o coração continua endurecido e lúgubre
Misericórdia, Senhor, por quem utiliza a luta do dia a dia para se mostrar ao Mundo, e não para o filho de Deus
Misericórdia, Senhor, pelos invejosos
Misericórdia, Senhor, pelos que se acham feios porque vêm o reflexo de suas almas deformadas
Misericórdia, Senhor, pelos que não pagam um pão a um irmão, mas pagam por um prazer vil e vazio de objetivo
Misericórdia, Senhor, pelos que acham que sua força está nos músculos
Misericórdia, Senhor, pelos que utilizam irmãos desorientados e sem esclarecimento para a prática do mal, sem se importar em estar degradando ainda mais aquele ser
Misericórdia, Senhor, pelos que acham suficiente parecer, aos olhos dos amigos, que têm o coração puro
Misericórdia, Senhor, pelos que têm a chance de conversar com guias iluminados mas não respeitam sua própria luz
Misericórdia, Senhor, pelos que sentem ódio ao saber que duas pessoas foram unidas, seja qual for o motivo
Misericórdia, Senhor, pelos que não entendem a trascendência do Sermão da Montanha
Misericórida, Senhor, pelos que não entendem que estamos nesta Terra para caminhar, e não para dominarmos uns aos outros
Misericórida, Senhor, pelos que amam o servilismo
Misericórdia, Senhor, pelos que são ocos e se enfeitam com flores
Misericórdia, Senhor, pelos que acham que um teto de cimento vai protegê-los da Justiça Divina
Misericórida, Senhor, pelos que têm amigos espirituais poderosos, mas estão com os ouvidos tapados
Misericórdia, Senhor, por sermos tão fracos que, até mesmo quando desejamos Justiça, a raiva nos domina e nos afastamos do Amor Universal da Mãe Oxum
Misericórdia, Senhor, pelos que não pedem à Mãe Iansã para dominar seus instintos baixos e se deixam levar pelas emoções obscuras
Misericórida, Senhor, pelos que festejam Ogum e esquecem que ele zela pela Lei de Deus
Misericórida, Senhor, pelos que sentem a presença de Yemanjá mas esquecem que é ela que levará, para o Mar, toda a sujeira criada contra alguém.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quando sai a Lua

Hoje, o post é dedicado à minha amiga Ana Maria (aka Mamy R.). Por ela, escolhi como tema a Lua, a carta número 32 do Baralho Cigano. Estamos falando da energia feminina, de intuição, maternidade, a alternância de fases que nos faz ter a certeza do recomeço e, assim, mantemos a fé. A Lua, quando sai em um jogo, geralmente é sinal de que o consulente conseguirá o que é seu por merecimento. E o primeiro passo para se alcançar as honrarias é aceitar o lado intuitivo, acreditar na voz interior, enxergar além da visão. Em oposição à lógica, essencialmente masculina, a intuição é uma característica feminina, assim como as águas e a noite. Tudo se junta na Lua, que, por efeito da sua gravidade, influencia as marés e os seres humanos (não podemos esquecer que somos feitos de 70 a 75% de água). As mulher sente bem essa influência, a ponto de muitas vezes saber que é preciso aguardar a virada da Lua para entrar em trabalho de parto. A Lua é associada à magia, pelo poder de potencializar certas energias, de acordo com a fase em que se encontra. Até quem trabalha com ervas para fins magísticos observa a Lua para saber o momento certo de colhê-las. A beleza da Lua Cheia mexe com a imaginação das pessoas, mas energeticamente seu poder é maior: geralmente ficamos mais emotivos, mais românticos e - por que não? - com os desejos à flor da pele. Mas toda carta tem duas faces. O que seria, então, o lado obscuro da Lua? Seria a dúvida, inconstância, a ilusão ou a perda de energia - vai depender das cartas à sua volta. Também de acordo com a posição no jogo, pode ser um alerta de que há um problema ligado à feitura de algum trabalho de magia, assim como a carta do Chicote. Na mitologia greco-romana, Selene, Ártemis/Diana e Hécate são as deusas da Lua. No Oriente, há a famosa Lilith, também chamada de Lua Negra. Sim, nós mulheres temos muitas faces. E muitas fases.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Olha o umbiguinho de Heather!

Nos Florais de Bach, existe uma essência que dificilmente a gente quer aceitar que às vezes precisa dela. Mas... nem sempre somos os melhores amigos do mundo. Heather é indicada quando estamos naquele momento egoísta: só pensamos nos nossos problemas, só falamos de nós mesmos, nem damos a oportunidade dos amigos falarem de suas vidas; quando os outros falam, nem prestamos atenção - e às vezes o problema do outro é bem maior que o nosso.

Há casos piores, porém: aquelas pessoas que têm uma natureza Heather, falam muuuito sobre elas mesmas, estando com problemas ou não. Essas pessoas têm dificuldade de ouvir o outro e muitas vezes nem deixam a pessoa terminar de falar. Outra característica: detesta ficar sozinho.


Sinalizar que alguém é ou está assim é realmente complicado. Mas a função deste floral é fazer a pessoa ficar mais atenta ao outro, deixar um pouco seu umbigo de lado e lembrar que viver é trocar experiências. As flores Heather são lindas, rosas, e cobrem áreas imensas na Grã Bretanha. Tanto que acabou virando nome próprio feminino, lá e nos Estados Unidos.


Doutor Edward Bach estava a todo vapor em suas pesquisas, nas primeiras décadas do século XX, quando conheceu uma moça com essas características. O excesso de bla bla bla da nova amiga fez com que ele acreditasse que TINHA QUE existir uma essência para harmonizar esse excesso, mas ele não estava sabendo onde deveria procurar. Até que um dia ele perguntou à moça que flor a agradava. Ela respondeu mais ou menos assim: "Amo ver os campos de Heather, uma flor tão bonita que me faz acreditar em Deus". Bingo! Estava descoberto mais um Floral de Bach.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ciganos na Umbanda

Hoje, 8 de abril, é o Dia Internacional dos Ciganos. Vamos falar um pouquinho não especificamente dos Ciganos que estão presentes pelo mundo, mas da linha de Ciganos que atua na Umbanda. Conhecidos do grande público, esse agrupamento, porém, não foi intensamente estudado como outros guias desta religião, como o Caboclos, por exemplo. Da ainda pequena literatura existente sobre o assunto e de conversas que tive o privilégio de ter com entidades dessa falange, posso dizer que, para se incorporar um Cigano em gira umbandista não é necessário ter sangue cigano. A maioira dos terreiros ainda não tem um gira específica para eles. No caso, quando algum médium precisa trabalhar com incorporação de ciganos, eles vêm nas giras de Exu e Pombagiras. Por isso, muitos acham que, por exemplo, há Pombagiras Ciganas, mas na verdade são Ciganas que se apresentam na mesma sessão dessas. Como em alguns centros não se admite que é possível novos agrupamentos de trabalho sem que pertençam aos tradicionais Exus/Pombagiras; Caboclos; Pretos Velhos; e Crianças, estimula-se a crença de que, para um Cigano trabalhar em Umbanda deve ser um Exu Cigano ou uma Pombagira Cigana. E ficam sendo chamados assim, o que em nada ofende os humildes guias, já que o mais importante é o trabalho a se realizar. Geralmente, quem é médium de Umbanda tem um Exu ou Pombagira de trabalho e sua polarição, ou seja, uma energia oposta (quem incorpora Exu tem uma Pombagira que trabalha junto, mesmo que nunca se manifeste, e vive-versa). Quem, além disso, incorpora Ciganos, quase sempre possui dons artísticos, segundo me falou um desses guias. No terreiro, as entidades ciganas gostam de dançar, são alegres e, para trabalhar, utilizam diversos elementos, como lenços, moedas, pandeiros, fitas coloridas, incensos e cartas. Aliás, toda essa história de criar este blog começou quando comecei a ter contato com a minha cigana, que tem me orientado em todos os aspectos da minha vida, além de me ajudar a lidar com a minha intuição. Foi quando passei a me interessar em estudar seriamente o Baralho Cigano, outros oráculos, formas alternativas de cura etc. De lá pra cá, meu rumo mudou, de uma forma que nunca imaginei. Este blog é uma homenagem à Cigana Sete Saias, que lindamente me ensina, todos os dias, a beleza das forças da natureza e do poder feminino para as mudanças internas e externas. A caminhada é longa, mas com uma orientação tão amorosa, vou, aos pouquinhos, aprendendo mais da vida e, principalmente, de mim mesma.

Baralho Cigano: significado da Cobra


Ela tem uma cara ameaçadora, rasteja, levanta-se apenas quando quer dar o bote. Só de olhá-la, já temos arrepios, e um dos motivos de provocar medo é porque sabemos que ela age e ataca por instinto, sem levar muito em conta a reação ou intenção de quem está à sua frente. Quem não tem medo de cobras? Ela sempre mexeu com o imaginário da humanidade, daí que ela simboliza as mais variadas coisas em culturas e épocas diferentes.

Tão cheia de significado, não podia faltar no Baralho Cigano - é a carta número 7. Sempre dá um medinho quando ela surge no jogo, porque passa uma ideia de perigo: pessoa de má índole próxima a você; intrigas, fofocas (aquelas pessoas chamadas de língua bifurcada ou venenosa); traição; desejo sexual descontrolado ou uma relação onde a questão sexual torna-se mais importante que tudo, o que pode levar o amor a ficar em segundo plano e a paixão transformar-se em ciúmes, sentimento de posse etc.

Como em qualquer carta negativa, é preciso estarmos atentos para ver se a figura não diz respeito a nós mesmos, se não estamos emitindo algum tipo de energia ruim que o jogo vai traduzir em determinada carta. No caso da Cobra, será que não estamos vibrando numa faixa energética pesada, dos nossos instintos mais rasteiros, deixando de lado a lógica e a generosidade, por exemplo?

Mas nem só de veneno vive a Cobra. Ela muitas vezes é associada a coisas positivas. O Caduceu, espécie de vara utilizada pelo deus grego Hermes, traz duas cobras enroscadas. Hermes era o mensageiros dos deuses e protetor dos comerciantes, tanto que o Caduceu tornou-se um símbolo do comércio. As cobras (que têm asas) representam as forças opostas que têm que se manter assim, contrárias, para manter o equilíbrio.

Parecido com o Caduceu, só que com apenas uma Cobra, há o Bastão de Esculápio símbolo da cura porque esse animal se renova a cada troca de pele, da mesma forma que os médicos nos livram das doenças e no fazem renascer na saúde. Se na Bíblia a Cobra é vista como o próprio mal, que "assessorou" Eva no episódio da maçã, em diversas culturas ela representa sabedoria.


Entre tantos símbolos relacionados à Cobra, o Ouroboros (ou Oroboros) é um dos mais conhecidos. É uma cobra que se fecha num círculo, mordendo a própria cauda. Essa imagem é vista como fim de um ciclo, a finalização de uma história ou, indo mais longe, o corte na vida física em busca da evolução espiritual em outro plano - que na verdade não tem início nem fim: há o eterno retorno. Mas o que é circular muitas vezes representa a totalidade do Universo, como bem sugestiona a carta acima (Mundo) no Tarô Mitológico. O Mundo é a última carta dos arcanos maiores do Tarô, que começa com o Louco, passando por todos os arquétipos e aprendizagens até finalizar-se nesta. Mas como a vida é dinâmica, está na hora de recomeçar o aprendizado.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os presentes dos Reis Magos

Mesmo quem não é cristão conhece a passagem da visita que os Reis Magos fizeram ao Menino Jesus. Segundo a tradição, eles na verdade eram astrônomos orientais, provavelmente ligados à religião de Zoroastro. Foram chamados de reis porque assim diziam as profecias do Antigo Testamento sobre a vinda do Cristo: que Ele seria adorado por reis do mundo todo. Quando eu era criança e falavam dos presentes que os Reis Magos levaram ao recém-nascido Jesus (Ouro, Mirra e Incenso), sempre achei meio discrepante Belquior levar o valiosíssimo metal; o outro, Gaspar, um potinho de perfume e o terceiro, Baltasar, um tremendo cara-de-pau, chegar lá em Belém com um pacotinho de incenso. Associava às varetinhas que os Hare Khrishnas vendiam pelas ruas, na minha infância. Hoje, até na padaria do Grajaú a gente encontra.

Mas eis que aprendi a simbologia desses presentes, que na verdade demonstram como os Reis Magos reconheciam quem era aquele Menino que chegava ao mundo físico: Ouro era para presentear reis; a Mirra era um dos óleo perfumados ou unguentos dos mais valiosos no mundo antigo e fazia referência aos profetas. Já o Incenso... Tcharammmm! Na verdade, não era o que eu pensava! Este é o outro nome do Olíbano, outro óleo perfumado oferecido ao Menino Jesus. O Olíbano, no caso, era para reverenciá-lo como um futuro sacerdote.

No mundo antigo, os povos davam uma tremenda importância aos óleos essenciais, não só pelo perfume que exalavam, mas porque entendiam que eles conservavam os poderes da natureza contidos em cada folha, semente, pétala, casca ou raiz que davam origem ao óleo ou unguento.

Na Aromaterapia moderna, Mirra e Olíbano são muito utilizadas. Nem vou entrar no mérito dos benefícios no corpo físico, apenas os espirituais, para ficarmos no tema. A Mirra é utilizada para purificação de energias negativas e estimular a intuição. Os Vedas, textos sagrados dos hindus, e seu correspondente islâmico, o Alcorão, citam a Mirra como componente importante nas cerimônias religiosas.

Na época dos faraós, os egípicios já queimavam casca de Olíbano para liberar sua essência e assim favorecer a meditação. Ainda hoje, em diversas partes do mundo, seu cheiro amadeirado, que ajuda a acalmar a mente, é um recurso para quem gosta de meditar.

O perfume dessas duas essências são utilizadas na forma de incenso (mesmo), nas mais diversas religiões. Além disso, a essência de Mirra é uma das usadas em banhos lustrais pelos umbandistas que são filhos de Iansã.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A mensagem da Árvore pra mim

A quinta carta do Baralho Cigano, a Árvore, é muito positiva, rica em significados. Vou falar o que esta lâmina está representando hoje para mim. Como já comentei em posts anteriores, quando uma carta começa a sair insistentemente, é preciso ver a mensagem específica para o momento. Então, vamos lá: Perguntando especialmente sobre uma situação, acredito que ela está me dizendo (baseada no que estou vivendo): crescimento, recuperação da saúde (física, emocional, espiritual), um florescimento. É que a Árvore fala de relacionamentos, de dividir uma experiência, de saúde. O lindo do Baralho Cigano é que pelas imagens podemos meticulosamente ver diversas mensagens. Fico imaginando que a carta que está aparecendo me fala que preciso deixar voltar a crescer folhinhas novas, para ter novas formas de obter Oxigênio. Traduzindo, devo focar meus interesse em novas coisas. Penso que uma árvore pode crescer muito ou pouco, e vai ter o tamanho que já está determinado pela natureza. Que crescer significa alongar nosso galhos, tanto na direção de quem já estava próximo quanto de novas árvores. Algumas árvores ficam doentes, feias, e só com muito remédio voltam à vida. Outras, nem com todo o cuidado do mundo voltam ao vigor original, e acabam ficando ocas e morrem, mas passam a ter outra função na natureza. Em poucas palavras, a carta me diz: não há motivos para secura, apenas se permita continuar a fotossíntese e, em algum momento, a luz que brilha na copa da árvore vai te fazer enxergar se está na hora de novos frutos ou se só foi um inverno rigoroso.

domingo, 3 de abril de 2011

Sincretismo

Muitos torcem o nariz quando se fala em sincretismo, um fenômeno bem aceitável e comum na Umbanda. O fato é que, em se tratando de espiritualidade, nada é por acaso.
Segundo Ramatis, os mestres da Grande Fraternidade Branca previram que haveria um sincretismo quando a Aumbandhã, dos tempos da Atlântida, ressurgisse nas nossas terras.
O sincretismo favoreceu a simpatia dos brasileiros com o movimento umbandista. Evitou o elitismo e caiu nas graças do povo, que já se sente uma mistura desde sempre, sem aversão à diversidade de pontos de vista, e entende que conceitos que se sobrepõem podem conviver sem conflito.

Sincretismo é uma mistura de ideias filosóficas ou de crenças ou ainda a influência de uma (crença) sobre outra. Isso acontece em diversos lugares do mundo, em todos os tempos, geralmente quando um povo tem predominância sobre outro.

No Brasil, por força das autoridades, todos eram obrigados a ser católicos. Isso levou os africanos que aqui chegavam a criar um sincretismo com sua fé de origem, e isso continuou a existir mesmo com a chegada da República, quando deixamos de ter uma religião oficial.

Por isso, no imaginário popular brasileiro falar de Oxum e de Nossa Senhora da Conceição pode ter o mesmo peso, e cada um vai utilizar a imagem que está mais de acordo com a sua experiência de vida. Por exemplo, aqueles que, mesmo frequentando terreiros, cresceram também de acordo com as práticas católicas, sentem-se mais à vontade com uma imagem dita "católica". Outros, preferem ver como representação dos mensageiros dos Orixás as imagens que lembram os do panteão africano.

Não há uma mais autêntica do que outra. O importante é perceber qual imagem vai se ajustar mais ao psiquismo da pessoa na hora em que ela precisa ter um ponto visual para firmar seus pensamentos e elevá-los à Deus - que não tem forma, nem cor, nem nação.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Simbolos: a Lua Crescente e a Estrela



A Lua Crescente e a Estrela, juntas, formam um símbolo importante nas nações de maioria muçulmana. Considerado um dos desenhos mais antigos utilizado pelo homem, a Crescente com Estrela foi primeiramente adotada, em bandeira, pela Turquia, seguida por outros países que têm em comum a religião fundada por Maomé, como o Paquistão, também no Oriente Médio, e a Argélia, na África. Hoje é muito comum ver esse símbolo no alto das mesquitas. O calendário islâmico baseia-se no ciclo lunar, e algumas fontes dizem que a Estrela representaria Alá (Deus). Por razões religiosas, o início de um mês no calendário muçulmano não é marcado por uma nova lunação, e sim, pela visão da Lua Crescente em um determinado local. Não deixa de ser poética essa visão de contagem do tempo!

Como a maioria desses povos vive na porção oriental do planeta, a Lua Crescente com a Estrela acabou sendo associada àquela região. Por isso, a falange Cigana que trabalha na Umbanda utiliza este sinal gráfico para indicar que sua origem, segundo a tradição, é do Oriente. Isso aparece em guias e pontos riscados, quando o terreiro os utilizam. Aparecem também em lenços e outros paramentos desses guias.

Além disso, a Lua (não só na fase crescente) tem um significado muito importante para as ciganas, que a vêm como uma representação da magia em si e do poder do feminino. Já a Estrela é um dos símbolos religiosos mais comuns para indicar a iluminação.