quarta-feira, 23 de março de 2011

Quem tem medo de Exu e Pombagira?

Procurando uma imagem para este post, pude perceber que estamos longe de acabar com certas mistificações a respeito dos Exus e Pombagiras, entidades que trabalham na linha de Umbanda. Representações de seres com caras malignas, pés (patas) de bode, vulgares ao extremo, imagens que não passam a dimensão exata da importância e da beleza que é o trabalho deles. Acabei optando por uma imagem do cartunista Lan, de um casal dançando tango. Perfeito! Sensualidade e graça na medida certa, como são os nossos amigos do astral.

Dentro da própria Umbanda, ainda encontramos irmãos que vêm o Exu e sua polarização feminina, a Pombagira, como seres perigosos, que não têm discernimento entre o bem e o mal. Nada disso! Os Exus verdadeiros são seres desencarnados que, sob a orientação de guias de alta estirpe, aceitaram trabalhar na Umbanda sob esta roupagem apenas para a prática da caridade. Eles trabalham principalmente na proteção de pessoas e centros espiritualistas, desmancham trabalhos de baixa magia e, quando incorporados em seus médiuns, dão orientação segura sobre como proceder em áreas do dia a dia que muitas vezes as pessoas têm dificuldades. São seres em evolução, mas preparados para aconselhar da melhor forma possível os irmãos que deles necessitam.

De onde vem o preconceito? É que existem por aí muito espíritos mistificadores, que não são ligados a religião nenhuma mas se passam por entidades de Umbanda. Como Exus e Pombagiras são seres que têm uma energia mais próximas de nós, encarnados (inclusive no que diz respeito à alegria e gosto pela dança), são os que eles mais gostam de imitar. Os falsos Exus dão maus conselhos, têm um comportamento pra lá de vulgar (os verdadeiros utilizam a energia sexual em seus trabalhos, mas não de uma forma deturpada, pervertida, exagerada), são indiscretos sobre a vida dos consulentes, expondo-os aos outros, são escandalosos, estimulam a raiva, a vingança, a inveja, a desconfiança, o ciúme. Além disso, fazem pedidos que fogem totalmente da lei de caridade e amor pregados por Jesus, o Guia Maior da Umbanda verdadeira: querem trabalhos com sangue de animais ou objetos roubados.

Segundo a entidade que se apresenta como Vovó Maria Conga, no livro Samadhi (psicografado por Norberto Peixoto), tais espíritos são doentes, são kiumbas, obsessores que comparecem ou por invigilância do médium e do consulente ou pela baixa moralidade do grupo mediúnico. Em outros posts, vamos falar das várias falanges que compõem a rica linha dos Exus, como por exemplo os Malandros, tão queridos pelos cariocas. E também explicaremos por que os ciganos, aparecem nas giras dessa linha umbandista para praticar a caridade.

3 comentários:

  1. Maravilhoso.
    E altamente oportuno. É preciso ter um espaço que ponha em discussão algumas mazelas do sincretismo e da representação errônea das entidades.
    Exu é o mais humano dos orixás (lenda Iorubá). O mensageiro, o catimbeiro. É como somos: "só come o que você põe." Talvez o maior praticante da lei de causa e efeito.

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  2. Amei o post! Gratidão

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