quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pulando a fogueira com São Pedro

Com a filha de João
Antônio ia se casar
Mas Pedro fugiu com a noiva
Na hora de ir pro altar


Amo, amo, amo festa junina! Está chegando ao fim a temporada de músicas ingênuas que falam dos três santos do mês, sanfoninha gostosa e comidas, como já disse, deliciosas! Adoro dançar quadrilha, já vendi muita rifa para ajudar obras da igreja, quando ainda era católica, e continuo amando todo esse universo onde cresci.

Nunca pulei fogueira, mas imagino que São Pedro tiraria a tarefa de letra. Daí, o título de hoje. Por quê? Porque São Pedro, pra mim, é uma prova de que das pessoas ditas normais podem surgir as histórias mais incríveis. Nunca sabemos o que a vida reserva pra nós. Mas se está no nosso caminho, somos capazes de fazê-lo. Nem que seja pular uma fogueira para impressionar nossos amigos.

O pescador Simão (seu nome verdadeiro) estava, num belo dia, lavando suas redes e lamentando que a pesca não tinha rendido nada, quando ninguém menos do que Jesus apareceu e lhe pediu emprestado o seu barco para poder ficar numa posição privilegiada e pregar para uma aglomeração que se formara ali. Podemos imaginar o que é o destino? Chega assim Jesus, que ainda nem sabemos quem é, nos pede um favor e depois disso (e de mostrar onde tinha um cardume pronto para ser pescado), chama o sujeito para fazer parte do evento histórico que mudou o carma coletivo da humanidade!!!

E valeu a pena se juntar ao novo grupo, que tinha, aliás, outros pescadores, como seu irmão, André, além de Tiago e João (Evangelista). No final de sua missão, em Roma, Pedro tornou-se o primeiro bispo da nova igreja católica. Por isso é chamado de o primeiro Papa. Mas vamos voltar um pouco os pergaminhos...

Acompanhou o Mestre durante a sua curta vida pública, com uma fé tão inabalável, e por intuição chamando Jesus de Filho de Deus, que Jesus deu-lhe um novo nome, que tradução, vai , tradução vem, chegamos ao latinizado Petrus, a pedra onde Jesus edificaria sua Igreja, ou seus ensinamentos. Daí ficou conhecido como Pedro.

Apesar de prestigiado no grupo, no dia da prisão de Jesus, quando Ele estava sendo interrogado pelo Sinédrio, Pedro protagonizou um episódio que nos mostra como a nossa fé, mesmo quando a achamos inabalável, pode ser pisada em um segundo pelas nossas fraquezas humanas. Do lado de fora da casa, Pedro foi abordado três vezes, e a pergunta era se ele conhecia Jesus. Ele negou o Mestre, que ele tanto amava, por três vezes.

Mas Jesus sempre soube que Pedro, apesar do vacilo ocasionado pelo medo, era capaz de levar suas mensagens pelo mundo. E foi o que ele fez: saiu pregando pelo mundo antigo, dando ânimo aos outros primeiros cristãos, fazendo milagres e levando as promessas de Jesus. Foi perseguido até mesmo em Roma, local considerado tolerante com as crenças mais diversas. E lá morreu, como mártir, sem uma data específica, mas a tradição estabelece que teria sido entre os anos 64 e 67. Um pescador que realizou coisas consideráveis, acertou, errou, mas principalmente, não desistiu.

Na Umbanda, São Pedro é identificado com Xangô Alufam, o raio de Xangô (da Justiça) que se entrecruza com a vibratória de Oxalá (raio da fé e religiosidade). Mas... por que São Pedro tem a chave do céu? Por causa da determinação de Jesus de que ele seria a pedra que edificaria a casa do Senhor, e que tudo o que ele ligasse na terra, seria ligado no Céu, e o que ele desligasse aqui, seria igualmente desligado no além.

Na imagem acima, vemos uma claridade saindo de seu chacra coronário, no alto da cabeça. É porque em vários relatos, diz-se que Pedro e os outros apóstolos receberam a chama do Espírito Santo, que como umbandista, entendo que ele recebia a vibração de algum espírito muito elevado para guiá-lo em sua missão, inclusive realizando curas, conforme os relatos em Atos dos Apóstolos, no Novo Testamento.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Viva São João!

São João Batista é um espírito tão elevado que ainda no ventre da mãe, Isabel, prima de Nossa Senhora, vibrou de alegria ao escutar a voz da futura mãe de Jesus. E o amor entre os primos e o reconhecimento de que eram irmãos espirituais de uma jornada muito longa está em várias passagens das Escrituras. Na Arte Sacra, há muitas representações dessses dois meninos tão especiais, imagens que passam o amor que um tem pelo outro e cenas típicas entre crianças pequenas. São João Menino, o mais velho dos dois, aparece como uma criança amorosa e curiosa, querendo ver o priminho dormindo, querendo brincar, abraçar...
São João no Brasil é festa de muita alegria, danças, bandeirinhas coloridas, música animada, fogos, comidas deliciosas e brincadeiras que também nos levam à infância. A fogueira de São João vem bem a calhar no inverno, mas o motivo não tem nada a ver com o nosso clima. Reza a tradição que Isabel mandou fazer uma fogueira bem alta quando João nasceu, para que a prima Maria a visse de longe e soubesse da chegada da criança.
João foi o último profeta que anuciou a vinda do Cristo, sentiu-se honrado em batizá-lo no Rio Jordão, levava uma vida sem nenhum tipo de conforto e meditava po longos períodos no deserto. Vivia para se dedicar a Deus, a ponto de incomodar as autoridades e morrer degolado. Nasceu após ser anunciado pelo Anjo Gabriel e morreu pela força bruta. Pontos em comum com o primo Jesus.
Ele é um desses espíritos tão especiais que continuam trabalhando por nós. Conhecido e reverenciado em culturas muito diferentes, tornou-se o padroeiro do Canadá - na sua porção francesa. Aliás, 24 de junho é feriado em Quebec. Para os muçulmanos, João foi um grande profeta. Para os católicos, ele é o padroeiro dos catequistas, aqueles que ensinam a religião e o Evangelho às crianças, além de ser um dos três santos comemorados durante as festas juninas, juntamente com Santo Antônio e São Pedro.
Para os espíritas kardecistas (espírita é todo aquele que acredita na comunicação entre encarnados e desencarnados), há uma passagem do Evangelho que prova que há a reencarnação: no capítulo 17 de Mateus, Jesus dá a entender que o profeta Elias, do Antigo Testamento, foi uma vida anterior de João.
Na Umbanda, ele chefia a Linha do Oriente, que trabalha com cura e detém conhecimentos ancestrais de magística. Além disso, no sincretismo ele é identificado como uma das qualidades do Orixá Xangô.

domingo, 19 de junho de 2011

Paris, para quem sabe o valor de se apaixonar



Procurando uma carta sobre os amantes do Tarô, nada chegava perto da beleza dessa escultura que eu amo, Eros e Psiquê. Na verdade, queria uma imagem que simbolizasse Paris. Taí: paixão, beleza eterna e uma das minhas maiores emoções quando visitei o Louvre. Esta carta/imagem é para registrar que, sim, eu também me apaixonei por Paris e sonho em lá voltar.


Enquanto isso, me emociono com Meia-Noite em Paris, de Woody Allen, e com meu predileto de sempre, Proust, cujo quinto volume em HQ de Em Busca do Tempo Perdido enrqueceu minhas férias.

Je T'aime, Paris!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A todas as minhas amigas bruxas!

A carta de hoje é só uma pequena homenagem a todas as minhas amigas que permitem que a força do feminino as levem para o maravilhoso mundo da intuição, sensibilidade, o invisível que ajuda a nos guiar. Para as bruxinhas do bem, para as que mexem o caldeirão, mexem o canjerê, batem curimba, bebem, dançam e se enfeitam "na intenção". Amo cada uma de vocês que cruzou meu caminho. Amigas de jornada, de busca, de crescimento! Somos uma irmandade, e graças a Deus (ou à Mãe Gaia) não estamos na Idade Média! E que a adaga das moças sempre nos proteja da energia que vem contra toda essa busca bonita que fazemos!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Com a bênção de Santo Antônio, mas sem o pãozinho


Se existe uma coisa que me agrada na religiosidade dos brasileiros é essa mistura entre folclore e fé. Pra mim, é uma das expressões mais profundas dos sentimentos religiosos, acredito que essa dobradinha ajuda as pessoas a nortearem suas vidas de acordo com as mensagens positivas das crenças de uma maneira natural. Afinal, somos cheios de imperfeições e temos dificuldades para nos ligarmos às coisas essenciais. Com a proximidade da fé no nosso dia a dia, fica mais fácil nos concentrarmos, nos lembrarmos e até nos transformarmos em pessoas melhores.

Tudo isso para dizer o quanto fiquei emocionada na segunda-feira, dia 13 de junho, quando cheguei no Convento de Santo Antonio, no Largo da Carioca, para receber a tradicional bênção e pegar o pãozinho pelo dia do chamado Santo Casamenteiro.

Juro que não fui lá pedir um marido (já estourei a minha cota)! Fui agradecer o ano, pedir forças para minha jornada, saúde aos que eu amo, determinação para continuar levando, seriamente, as coisas a que me propus fazer e sabedoria para as mudanças estruturais que devem vir por aí. Era tanta gente que até desisti de pegar na saída o tradicional pãozinho, que se guarda em açucareiros.

Mas o convento é sempre uma emoção. Aquelas paredes barrocas, com mais de 400 anos de história, são testemunhas da infância do Rio de Janeiro, já abrigaram reuniões importantes do Imperador, deram espaço à uma faculdade de Filosofia, já acolheram homens de muita luz, como Frei Fabiano de Cristo, e confortou muitas pessoas pobres. E também foi palco de um episódio folclórico digno de um povo tão especial quanto o carioca/brasileiro/luso. Aqui no Rio, Santo Antonio, nascido em Lisboa e que já chegou no Brasil como um dos santos mais queridos, fez carreira militar!!!

Para expulsar de vez os franceses da cidade, em 1710 as autoridades tiraram a imagem de Santo Antônio do altar e o colocaram sobre o muro do convento. A proteção "dos céus" rendeu-lhe um soldo, como se faz a qualquer homem de farda, sendo que toda a renda era revertida em obras assistencias. Acreditando no poder do santo para nos defender, Dom João, em 1814, elevou-o a tenente-coronel, passando-lhe o bastão de comando da cidade. Muitos não sabem, mas a Carta do Dia do Fico (1821), lida por Dom Pedro I, foi redigida também dentro do convento.

Mas o poder maior do local e do santo é o poder da fé. Uma aglomeração sem igual está lá, em todo 13 de junho, para fazer seus pedidos àquela imagem linda de seu altar - essa mesma aí da foto - com o menino Jesus no colo. Todos querem sua bênção e agradecer frente à imagem delicada, que faz o contraponto ao santo-militar.

Na Umbanda, Santo Antônio é muito reverenciado, com músicas (pontos) que lembram sua ligação com os Exus:


Santo Antonio de Batalha

Faz de mim batalhador

Corre a gira, Pombagira

Tranca Rua e Marabô

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Mas Aromaterapia é o quê?

Quando digo aos meus amigos que estou estudando Aromaterapia, todos perguntam: mas isso é exatamente o quê? O efeito dos cheirinhos? Perfume pra relaxar, pra despetar, pra acalmar?... Acho engraçado, porque era essa a visao que eu tinha também. Acho que o nome não ajuda. Então resolvi escrever sobre isso.
Aromaterapia é um vasto terreno, com estudos seríssimos que começaram na Europa e que no Brasil vem ganhando mais espaço. Trabalha-se com óleos essenciais extraídos de flores, frutas, cascas, folhas, sementes e troncos. São elementos poderosos - e em alta concentração - que são retirados da natureza e que agem em todos os níveis do corpo humano: físico, mental, emocional, espiritual.
A primeira sensação vem do aroma de cada óleo essencial. Ele automaticamente age no nosso bem estar, mas não para aí: ele começa a atuar no compo físico ao ser inalado. E ao entrar em contato com a pele, o efeito é intensificado. Estudos feitos na Inglaterra comprovam que eles entram rapidamente na corrente saguínea, quando utilizados em massagens, estendendo seus benefícios a órgãos, à mente e por aí vai.
Na França, um dos países mais avançados no assunto, médicos receitam cápsulas de óleos essenciais para determinados males. No Brasil, por lei, os óleos essenciais por via oral não podem ser receitados. Mas eles podem favorecer nossa cura por meio de cremes, géis, sabonetes, xampus, aromatizadores de ambiente, velas, massagens, máscaras estéticas e mais...
Apesar das maravilhas que podem nos oferecer, é preciso ter conhecimento para utilizar os óleos essenciais. O primeiro erro é confundi-los com as essências - artificiais - vendidas nas lojas, geralmente a um preço bem convidativo. Os óleos esssenciais puríssimos têm um preço, justificadamente, mais elevado. E eles não devem ser passados puros na pele, por serem muito concentrados.
Em cada gota de óleo essencial, há uma cura a caminho. É importante estudarmos muito para utilizá-los a nosso favor. Posso garantir: é um mundo apaixonante, poderoso e está na ordem do dia, pois cada vez mais o mundo busca alternativas naturais para o ser humano ter saúde.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A beleza vista do alto da Montanha

É muito interessante esse mundo do Baralho Cigano... dependendo da personalidade ou do momento das pessoas que convivem comigo, me vem à cabeça uma carta específica, que tem a ver com aquela pessoa em especial e que me faz ver um pouco além do que eu enxergava dela. A carta número 21, a Montanha, é cheia de significados bons e fortes, e este post é dedicado a uma amiga igualmente forte, igualmente cheia de qualidades: Teresa.
Pela sua magnitude, quando eu comecei a mexer com as cartas, a Montanha me deixava meio cabreira... pois é preciso esforço para subir ou escalar algo tão grande. Sim, este é um dos recados: esforço, dureza. Porém, fui me dando conta da maravilhosa mensagem que está além das gotinhas de suor: quando nos dispomos a subir a Montanha e chegamos mais perto do azul do céu, várias alegrias acontecem: percebemos que somos fortes, temos raça, fomos tão capazes de chegar lá quanto os outros que nos precederam; podemos, dali, ter uma recompensa maravilhosa que é ver a paisagem que circunda aquele lugar; podemos vislumbrar horizontes magníficos, ver o pôr do sol como a maioria das pessoas jamais teve oportunidade – ou se permitiu.
Mais uma etapa da nossa vida se cumpriu e adquirimos, ao longo da subida, experiência e confiança suficientes para sabermos: "Que venham as Montanhas! Estou preparada, sou forte e posso".
Vejo na minha amiga, como em outras pessoas, que a vida lhes ofereceu várias Montanhas. Dedicadas, subiram sem alarde, alcançaram o que precisavam em determinado momento. E fizeram de forma tão honesta, tão fora do próprio ego, que não se deram conta de que fizeram uma jornada admirável. Inúmeras vezes. Que fazem coisas admiráveis, que transpõem sempre os obstáculos. Então, para Teresa e todos que se encaixam nessa situação, curtam o descanso do guerreiro a cada subida. Porque daqui a pouco, será exigida uma nova escalada.
Como na Umbanda pedras, pedreiras e montanhas são associadas a Xangô, essa lâmina tem um outro significado que não há em outros países: Justiça, o sentido do raio desse orixá. E a Justiça depende do nosso esforço pessoal, diário, de não escorregarmos na caminhada, não procurarmos atalhos que nos envergonhem no futuro, não nos desesperarmos e acreditarmos que na hora certa (o tempo certo de escalada), tudo se cumprirá. A recompensa, ou o lindo pôr do sol, nunca deixará de se exibir para quem lá chegar.